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"Há homens, cuja trajetória de vida desperta elevação de planos interiores. Inteireza, disciplina, coragem,inteligência, tudo isso nas páginas que este jornal destina a um programa de homenagens, divulgações de autores e obras" (Do Editorial) Aos leitores, parceiros, demais colaboradores, nossos agradecimentos. Boa Leitura!*Foto de perfil: by Dalva Oliveira

sábado, 14 de janeiro de 2012

POESIA TELÚRICA DA EDITORA DO JORNAL NOVO HORIZONTE

 
A FAZENDA CANABRAVA, ATUALMENTE SUBMERSA
Foto: Lourdes Nicácio




Dilúvio

            
Lourdes Nicácio

Agora vives
a construir um barco
Arca de fim do mundo.

Não vês
que o dilúvio
             está em ti

que te arrebatas
                      em ondas
para o além de ti mesmo?

 Quando não mais
te alcançares
em grãos de areia
            
                  ou terra
aqui
as sementes voam
                desde as raízes

Quem te substituirá
na festa de Deus?

                       Desarma-te



Ritmo das águas vivas

   Lourdes Nicácio
                                        
Bem dentro de mim armazenei
do São Francisco ilhas, barcos, capinzais
cajus, goiabas,peixes, frutos de água doce
o clima fresco, o cheiro verde, o arrozal

Moinhos, rodas d’água, as carrancas
as pedras, os banhos, as roupas brancas
gestos florais de cachoeiras e águas mansas
cheiro de argila e bebedouro nas vazantes

Moitas, arbustos, diademas de cipós
sombras da fauna, maretas, faixas de areia
vitalidade permanente, tanto encanto,
tesouro antigo dos palácios das Sereias

A imensidão dos campos e rebanhos
culto aos pastores, agricultores, remeiros
lições de vida, pores do sol, rituais
que o Vale tece como artesão dos milagres

Sementes, pétalas, raízes em superfície
balsas de adubo rastreando as margens ativas
Daí por que de mim emanam sonhos, melodias
ou seiva do rio, inteiro, em ritmo das águas vivas.

Sertanejo
                     
               Lourdes Nicácio
Sobre o teu peito
a luz,o ouro, o bronze
- um sol já tecido
exposto às manhãs

Nas mãos a firmeza
de um condutor sagrado
protetor da terra
área dos milagres


Na voz, a força
o cetro, o Império
Nos pés, arbustos
             e o passo firme

Dos olhos
emanam mistérios:
lendas, pássaros, frutos
                       o rio
                         o sonho
                            a vida.

Um comentário:

  1. Eu poderia, deveria, mas não quero, dizer o clássico "sem comentários", mas um Blogger exige o contrário. E eu sou fã incondicional deste telurismo todo. É muita inspiração. Lourdes bebeu muita àgua do Rio São Francisco, no seu coração fértil brotou a flor do poema doce, como aquelas águas, refescante e manso... Um telurismo lírico!

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